segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Caridade


Me movo
Apenas no movimento tenho paz
No novo
Um sentimento que ocorre no tempo
E o pai de todos os regaços me atrai plenamente
Me mostra o vento tocando e o medo presente
Me mostra a distância e toda impossibilidade
Morro
E é assim que me movo sereno
Por entre as pálpebras do engano
Na cama do sono na solidão possível
Quando vejo tudo
Quando nada conto
Quando sou o único
Na multidão atônita
Que espera as águas do rio passarem
Vejo meu pai: O Tempo
Transbordando imagens
Revirando armários
Desenterrando defuntos
Emaranhando as raízes
Arrancando as flores
Carregando as sementes
Medo?
Por que devo senti-lo?
Se morro inconcebivelmente sereno
Se vivo incontroladamente em gritos
Se parto precariamente exausto
Se volto inteiramente mudado
Em mim nada ficou intacto
Em nós nada ficará acabado
As letras de amanhã ainda estão por serem escritas
Até lá
Vamos nos embebedar das que temos
Vamos nos arrebentar nas incertezas
Pois é assim que me movo sereno
Quando vejo, conto
Quando nada, o único
Quando sou - atônito
Pequeno caos na multidão
Em mim nada ficou acabado
Em nós nada ficará intacto.

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